terça-feira, 24 de agosto de 2010

2ª Parte: A cidade educativa: seus lugares, seus habitantes, seus ofícios, sua cultura


Nesse Estágio Supervisionado 3 a proposta é ampliar a experiência de estágio para além dos muros da escola tomando a cidade como referência para a elaboração de projetos de ação educativa. Consideramos que é em uma “escala intra urbana que a vida cotidiana e a relação entre cidade, cultura e cidadania podem ser analisadas com maior profundidade” (CAVALCANTI, 2001, p. 13).




Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhamos para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
Eu sei dar por isso muito bem....
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo

Alberto Caieiro




Iniciaremos nossa conversa, com este trecho do poema de Fernando Pessoa, no heterônimo de Alberto Caieiro.

O desafio é olhar para a cidade de uma maneira diferente, nesse sentido trazido pelo poeta - olhar daquele que acaba de chegar, de quem acaba de nascer para a eterna novidade do mundo. Ver aquilo que nunca havíamos prestado atenção no contexto cotidiano, no dia a dia. Pensar a cidade enquanto um organismo vivo, dinâmico, que trás uma história construída ao longo dos tempos (seja ela recente ou de longa data), uma história feita pelos seus habitantes, cada um com suas relações, suas profissões, seus ofícios, sua cultura; a cidade formada, por seus lugares; físicos, afetivos, simbólicos. A cidade que é feita pelas mãos daqueles que as constroem.

Então vamos lá...

1ª Etapa:

Fazer uma caminhada imaginária pela cidade, tomando para si tudo aquilo que este passeio pode ter suscitado, sugerimos que você “bote o pé na rua” e caminhe de fato pela sua cidade exercitando o conselho da professora Flávia Bastos: TORNAR O FAMILIAR ESTRANHO!!!

2ª Etapa:

Para esse passeio, será necessário uma câmera fotográfica ou filmadora, bloquinhos de anotações, e cuidados com a hidratação da pele, água, etc. Não se esqueça de levar ferramentas muito importantes: a curiosidade e esse olhar indagador, disposto a descobrir coisas mesmo nos lugares que você julga que já conhece!
Você pode pensar que “ver de novo” seja igual a “rever”. No entanto, rever não é ver a mesma coisa duas vezes, é lançar um novo olhar sobre uma mesmo coisa ou situação. O olhar que não se renova envelhece. Faça anotações, desenhos, esquemas, fotografe, registre as conversas estabelecidas, as entrevistas, as observações. Enfim, todos os acontecimentos provenientes do exercício etnográfico feito desse outro lugar da cidade, pois o que queremos é acentuar as instâncias educadoras da vida na cidade, seus moradores, seus saberes, seus ofícios... E não importa se eles estão organizados ou não, pois todos fazem parte da sua cidade. Aqui pensamos a cidade enquanto uma confluência de práticas culturais, formando essa
grande paisagem.

3ª Etapa:

Com base no “passeio etnográfico” escolha uma “porta de entrada” para realizar a proposta de intervenção pedagógica. Por “porta de entrada” queremos dizer ponto de partida, que pode ser um ambiente, um espaço na cidade, pessoas, organizações, etc. Todas serão entendidas como “ambiências pedagógicas” no tecido da cidade educativa.

Fonte: Apostila de Licenciatura em Artes Visuais, módulo 07.

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